Google+ TimeOut Brasil: ENTREVISTA TIMEOUT COM DEMÉTRIUS FERRACCIÚ

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ENTREVISTA TIMEOUT COM DEMÉTRIUS FERRACCIÚ


Olá amigos, hoje iniciaremos uma nova coluna no TimeOut, o ENTREVISTA TIMEOUT!

Nesta tivemos a honra de ter a oportunidade de entrevistar um dos jogadores brasileiros mais vencedores do nosso basquete e atualmente treinado de uma das equipes de ponta do NBB, nada mais nada menos do que o treinador da Winner/Kabum/Limeira e ex jogador da Seleção Brasileira, Demétrius Ferracciú.

Confiram abaixo a opinião do Demétrius sobre sua carreira como jogador e treinador, NBB, NBA, sobre seus ídolos e etc.... Vejam isso e muito mais na Entrevista TimeOut com Demétrius Ferracciú!



- Demétrius, depois de uma carreira tão vitoriosa nas quadras como amador, como foi a sua transição para virar treinador? De que forma você se preparou, pessoal e profissionalmente?
Demétrius Ferracciú - Foi uma transição muito importante pra mim de jogador para técnico.
Ainda como jogador em várias situações nos treinos e jogos eu me coloca e pensava como técnico, com isso ia me caracterizando (sem eu saber) com um perfil de treinador. Outro aspecto que me levou a ser treinador era eu ter a chance de passar uma experiência de 17 anos como jogador profissional para essa nova geração.

- Grandes treinadores afirmam terem passado por vários obstáculos no início de suas carreiras. Qual foi seu maior obstáculo quando iniciou sua carreira como treinador? O que ou quem lhe ajudou a superar?
D.F. - Um grande desafio pra mim era fazer com que os jogadores acreditassem na minha filosofia. Falo isso porque cada jogador pensa do seu jeito e da sua maneira de jogar, e no basquete jogamos em equipe, e quanto mais o jogador se envolve na filosofia do treinador, maiores são as chances da equipe conquistar grandes resultados.

- Muitos ex-atletas, independente da modalidade, afirmam que a parte mais difícil em se tornar técnico é conseguir "virar o chip", ou seja, parar de pensar como jogador. Pensamentos como "eu faria essa cesta" ou "como ele conseguiu errar esse passe", entre outros, foram difíceis de serem apagados, segundo eles. Você passou por isso também?
D.F. - Concordo com você.
Pra ser sincero já pensei assim em algumas situações...mas eu, na posição de ex-jogador e hoje como técnico não posso achar que os meus jogadores teriam que tomar as mesmas decisões de quando eu jogava, eu estaria limitando e descaracterizado o potencial dos meus atletas. São eles que irão desenvolver e tomar as decisões dentro do sistema. Uma das minhas funções é fazer com que o jogador execute o que ele tem de melhor.

- Esporte é um aprendizado constante, principalmente para treinadores. O que você gosta de assistir ou ler a respeito de basquete? Como é a troca de informações com outros profissionais da área? Você "pega" conhecimentos também de outras modalidades?
D.F. - Olha, constantemente nós treinadores temos que estar estudando e nos reciclando. Assisto muito jogos da Liga Espanhola (pra mim a liga mais forte do mundo fora NBA), como também Euroleague. São dois Campeonatos que acrescentam bastante na minha maneira de pensar. A NBA na fase de classificação eu vejo mais como espetáculo, mas quando chega o play-off, ai sim vejo com outros olhos.
 Sempre que posso, trocar idéias e falo de basquete com profissionais da nossa área, como também tenho amizade com jogadores e técnicos de outras modalidades. Procuro ficar bem atento para analisar o que eu poderia trazer ou adaptar situações de outros esportes no basquete.

- Você trabalha com adultos no time do Limeira e também comanda a seleção masculina sub-19. Você muda alguma coisa nos seus métodos de acordo com o trabalho em questão? E quais as principais diferenças no comportamento dos atletas?
D.F. - Mantenho 80% da minha filosofia, isso porque são jogadores de características e categorias diferentes.
Sobre o comportamento dos atletas, percebi que os meninos da Sub-19 tem um grau de atenção maior que os adultos, são mais flexíveis, querendo entender e aprender. Já o adulto você acaba tendo uma resistência maior.

- Você que jogou no Rio de Janeiro pelo Vasco e Fluminense, o que passa pela sua mente ao ver um campeonato com apenas 3 equipes?
D.F. - É muito triste essa realidade. Uma pena não ver mais aquelas finais do carioca lotado, com 10 a 15 mil pessoas.
Um dos problemas é a situação financeira dos clubes que estão endividados, mas acho q os dirigentes deixaram de aproveitar aquele momento do basquete para estruturar a modalidade no estado do Rio.

- Qual foi a sua maior conquista como jogador e qual é seu principal objetivo como treinador? Podemos pensar em seleção brasileira?
D.F. - Como jogador a minha maior conquista foi ter jogado uma Olimpíada e dois Mundiais.
A nível de títulos, todos foram extremamente importantes, mas o campeonato Brasileiro em 97 e 98 foram títulos onde foram me consolidando como jogador de Seleção Brasileira.
Os dois Pan-Americanos 99 e 2003 também marcaram bastante devido ao momento difícil de transição de geração que estávamos passando com na Seleção.
Outro momento marcante foi a inédita final que jogamos contra o San Antonio Spurs, equipe da Nba (fiz o 6 primeiros pontos do jogo rs).

- Por falar em Limeira, qual a avaliação que você faz da equipe no Campeonato Paulista e o que você projeta para o novo campeonato da NBB, que está chegando?
D.F. - Nossa atuação no Paulista foi decepcionante, deu tudo errado !!!
Para o NBB, conseguimos fazer uma boa pré-temporada, ganhamos entrosamento e uma condição física que pode fazer a diferença neste começo de campeonato. Nosso objetivo é ficar entre os 4 primeiros colocados. Queremos uma vaga para competição internacional em 2014.

- Com toda sua bagagem no basquete, como você analisa o momento atual do esporte no Brasil? Quais são os principais pontos em que precisamos evoluir?
D.F. - Precisamos evoluir o trabalho na base, desde seleção Brasileira como nos Clubes, fazer com que os jovens cresçam entendendo como se joga basquete, cresçam aprendendo os fundamentos do jogo, para que quando chegarem no adulto estejam prontos para jogar a nível internacional.

- Considerando o ditado "O que não é visto não é lembrado", O que podemos fazer nós como mídia, os torcedores e acompanhantes do esporte e também vocês jogadores e técnicos para melhorar a visibilidade do esporte no Brasil?
D.F. - 1º coisa a mídia precisa entender a modalidade "basquete".
Interessante ela dar valor ao jogo coletivo enfatizar aquele que organiza o jogo, aquele que faz bons bloqueios para o arremessador ficar livre, valorizar o jogador que ajuda no sistema defensivo mas não aparece nas estatísticas.
Cada equipe teria que fazer um marketing de alto nível com seus jogadores em suas respectivas cidades. Precisamos criar ídolos, ir as escolas, incentivar a garotada praticar o basquete.

- Falando um pouco da estrutura do esporte vemos a China e Estados Unidos como potências esportivas do esporte no geral, e não à toa estes países possuem grandes incentivos ao esportistas desde sua infância, você acredita que se incorporarmos este projeto no Brasil poderíamos melhorar nossos retrospectos olímpicos?
D.F. - Com certeza poderíamos estar em outro nível, mas o Brasil já perdeu o "Time" de se tornar uma potência mundial.
Se como Sede de uma Olimpíada o nosso planejamento em preparar novos talentos não evoluiu, imagina depois que passar 2016? Viveremos mais uma vez comemorando algumas medalhas esporádicas. Acho que teremos um dos piores resultados como "País Sede" de uma Olimpíada. (Espero que eu esteja errado)  

- A NBA chega ao Brasil pela primeira vez este ano, com o jogo da pré-temporada entre Chicago Bulls e Washington Wizards. Como você vê esse evento? Que tipo de impacto pode ter para o basquete nacional?
D.F. - Achei muito positivo.
É muito importante essa aproximação do publico junto aos atletas da NBA, dos dirigentes junto a organização de um evento desse porte, dos patrocinadores investirem acreditarem no "produto basquete".  Acredito que demos um passo importante para que esse intercambio possa ser mais freqüente.

- A NBA é considerado o melhor e maior campeonato de basquete do mundo, o que os brasileiros podem aprender com eles para aumentarmos a qualidade do nosso basquete em termos dentro e fora das quadras?
D.F. - Podemos aprender com o profissionalismo que é a NBA, analisar a estrutura e organização do evento e tornar o basquete brasileiro como um ótimo produto a ser investido.
Agora, dentro da quadra o NBA se joga muito em função do físico e individualismo, temos que saber usar a capacidade dos nossos atletas para que eles joguem sempre no limite, mas sempre lembrando que o jogo é coletivo.

- A seleção masculina dependerá de convite para jogar o Mundial de 2014. Na sua opinião, o que não deu certo na Copa América? As declarações do técnico Rúben Magnano deixaram claro que ele ficou insatisfeito com as dispensas de alguns atletas. Isso pode influenciar no ambiente da equipe futuramente?
D.F. - Não posso falar o porquê de não ter dado certo os resultados na Copa América, porque não estive lá e não estava no dia-a-dia dos jogos e treinamentos da seleção, mas sei da qualidade e competência do Ruben para preparar a equipe pra jogar os torneios (incontestável).
Sobre o convite acredito que o Brasil será convidado e fará um grande Mundial.

Para encerrarmos algumas perguntas e respostas rápidas!
- Sua referência como jogador?
Magic Jhonson e Michael Jordan

- Sua referência como treinador?
Na Europa Obradovic e Messina
Na NBA Gregg Popovich
No Brasil Helio Rubens

- O melhor jogador da história?
Michael Jordan

- Qual o melhor time que viu jogar?
 Lakers da geração do Magic, anos 80 e Bulls de Michael Jordan, Pippen e Companhia

 - Melhor seleção?
Dream Team Americano em Barcelona 1992 (mas eles eram fora de série)
Dentro da realidade "normal" do basquete um timaço era a Iugoslávia no Mundial de 90 na Argentina.

- Melhor jogador brasileiro da atualidade?
Marquinhos

- Seleção brasileira de 1987?
Memorável/Inesquecível

- Oscar Schimidt...
Ícone do basquete Brasileiro

- Hortência...
Eterna Rainha das quadras

- Ary Vidal...
Sabedoria

- Basquetebol...
Minha vida

- Uma frase que retrata o Demétrius?
Nunca desista, sofra agora, e viva o resto da sua vida como "campeão"
"Muhammad Ali"

- Uma mensagem para os atletas iniciantes neste esporte.
Se dediquem ao máximo nos treinos e nos jogos, não deixem a oportunidade passar por vocês

- Uma mensagem aos nossos leitores amante do esporte.
Todos juntos por um basquete melhor!!!



É isso amigos, nossa entrevista chega ao fim, mas antes de encerrarmos quero agradecer imensamente ao Demétrius por prontamente atender nosso convite, bem como agradecer também os amigos Duda Pereira e Thiago Caruso que contribuíram para a realização desta entrevista.

Curiosos para saber um pouco mais sobre o Demétrius? Confiram abaixo todas suas conquistas pela seleção ou pelos clubes.


Pela seleção:

Jogos Olímpicos
. 6º lugar em Atlanta (EUA - 1996) - 24pts/8 jogos

Torneio Pré-Olímpico das Américas
. 6º lugar (Porto Rico - 1999) - 53pts/8 jogos. 7º lugar (Porto Rico - 2003) - 5pts/6 jogos

Campeonato Mundial
. 10º lugar (Grécia - 1998) - 54pts/8 jogos. 8º lugar (EUA - 2002) - 57pts/9 jogos

Copa América – Pré-Mundial
. 4º lugar (Porto Rico - 1993) - 5pts. 3º lugar (Uruguai- 1997) - 71pts/9 jogos. Vice-campeão (Argentina - 2001) - 79pts/9 jogos

Jogos Pan-Americanos
. Medalha de bronze em Mar del Plata (Argentina - 1995) - 21pts/6 jogos. Medalha de ouro em Winnipeg (Canadá – 1999) - 35pts/5 jogos. Medalha de ouro em Santo Domingo (Rep. Dominicana - 2003) - 23pts/5 jogos

Campeonato Sul-Americano
. Campeão (Brasil – 1993) - 44pts/7 jogos. Campeão (Argentina – 1999) - 48pts/6 jogos. Campeão (Uruguai - 2003) - 17pts/6 jogos. 4º lugar (Venezuela - 1997) - 66pts/7 jogos. Vice-campeão (Argentina - 2001) - 62pts/9 jogos

Goodwill Games
. 5º lugar (EUA - 1998). Medalha de bronze (Austrália - 2001) - 73pts/5 jogos

Copa América Sub-22
. 3º lugar (Argentina - 1993) - 46pts/5 jogos

Campeonato Sul-Americano Sub-22
. Campeão (Chile - 1992) - 45pts/6 jogos

Campeonato Sul-Americano Cadete
. Vice-campeão (Brasil - 1989) - 35pts/6 jogos


Pelos clubes:

McDonald´s Championship
. Vice-campeão (Vasco da Gama – 1999)

Campeonato das Américas de Clubes Campeões
. Campeão (Franca Basquetebol clube– 1994 e 1997)

Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões
. Campeão (Franca Basquetebol clube– 1993 e 1998 e Vasco da Gama – 1999)

Liga Sul-Americana
. Bicampeão (Vasco da Gama – 1999 e 2000)

Campeonato Nacional
. Campeão (Franca Basquetebol clube– 1993, 1997 e 1998, Vasco da Gama – 2000 e 2001 e Telemar - 2005)

Campeonato carioca
. Campeão (Vasco da Gama – 2000 e Telemar - 2004)

Campeonato Mineiro
. Vice-campeão (Universo/Minas – 2002 e 2003)

Campeonato Paulista
. Campeão (Franca Basquetebol Clube– 1992 e 1997 - como jogador). Campeão (Winner/Limeira – 2008 - como auxiliar técnico - e 2010 - como técnico)


Equipe TimeOut.
Redator-Chefe: Thiago Matos
Revisor: Thiago Caruso
Colunista Responsável: Duda Pereira

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